Mensagem enviada pelo Prof. Jorge Atilio Silva Iulianelli à Sra. Vera Rezende do Blog SRZD
Prezado Sindiney Rezende;
Ontem 20h50 respondi à telefonema do jornalista, Lucas Torres, que ligou para mim, em nome do Blog
SRZD, solicitando informações sobre a assembleia da UGF e se haveria aulas no
dia seguinte, hoje, 10 de abril. Respondi que sim, que nós professores saímos
congraçados com os estudantes, as aulas recomeçariam aos 10 de abril. A maior
parte da descrição dos fatos que a entrevista telefônica tratou está registrada
de forma não acurada em seu Blog. Porém, há uma construção do relato que não
expressa exatamente o que falei, conforme ordem do discurso que recordo ter
feito. Compreendo a liberdade jornalística, porém o trecho pode causar uma má
compreensão para o leitor.
Deixei de dizer ontem que o processo de negociação dura há mais que três
meses. Porém, disse que havia informações no Blog da ADGF sobre todos os fatos.
Também deixei de dizer ontem, que a Galileo teve flexibilidade para alterar a
proposta inicial chegando à construção daquilo que veio a ser aceito pelos docentes:
o empréstimo de 1,3 salários a serem pagos ao longo de 2013. Porém, informei ao
repórter que há um Termo de Compromisso, o qual está publicado no nosso Blog,
no qual poderia ser verificada a forma de pagamentos desse empréstimo durante
no ano de 2013.
Vamos ao trecho construído pelo repórter:
“’O grupo Galileo tomou de empréstimo 1,3
salário dos docentes, e esses empréstimos se dão de maneira compulsória, ou
seja, sem compensação. Essa é a realidade das universidades particulares. Somos
reféns das mantenedoras, elas tomam empréstimos arbitrários dos professores e
sabe-se lá quando vão nos pagar´, disse o professor da UGF.”
Imagino que o repórter fez uma edição do que lhe pareceu ser a forma
mais “correta” do discurso que lhe ofereci. Gostaria de repetir que autorizei
usar a expressão “reféns das mantenedoras”. Porém, o contexto era outro; ele
errou o sujeito. Não era um nós genérico, e sim o conjunto brasileiro de
docentes do ensino universitário privado, aliás, o que disse foi: “Os docentes
são reféns das Mantenedoras”. E, infelizmente, ao meu sentir, houve um equívoco
nessa construção apresentada na reportagem sobre o argumento que apresentei. O parágrafo
construído naquele trecho da reportagem une dois itens, que apresentei
separadamente, tal conjunção dificulta ao leitor perceber os temas que
apresentei e as distintas relações entre eles.
Relato aqui as informações que citei ontem ao repórter:
1. Primeiramente, sobre esses
pontos do trecho da reportagem em causa, informei que as negociações com a
Galileo avançaram e os docentes aceitaram emprestar compulsoriamente 1,3
salários; porque puseram condições que foram aceitas pela Galileo. Que
condições? A formação de uma Comissão Paritária para Acompanhamento de Salários
e a Estabilidade para docentes e funcionários no ano de 2013 (aliás, o repórter
esqueceu essa última e importante informação).
2. Em seguida, afirmei que no
Brasil 75% dos estudantes universitários estão em Universidades privadas, as
quais são controladas por Mantenedoras, que não têm legislação que lhes limite
o âmbito de ações. Informei, por exemplo, que a Universidade Castelo Branco tem
um empréstimo compulsório de 8 meses de salários dos docentes e nada é feito (o
que ele não citou). Disse que é de responsabilidade do MEC e do CADE atingir às
Mantenedoras, e não apenas às Mantidas, e que com essa situação os docentes são
reféns das Mantenedoras (o que ele deixou de reconstruir como argumento).
Esclarecido isso, observo que a ordem do discurso elaborado pelo
repórter descura de dois esclarecimentos fundamentais para a sociedade:
(A) A negociação entre ADGF e a Galileo avança de forma inédita em nossa
sociedade. Haja vista que estamos criando um mecanismo interno de controle
social, a Comissão Paritária de Acompanhamento de Salários. Este é um fato
novo, nunca em universidades privadas houve este tipo de relação entre
Mantenedora, Mantidas, docentes, discentes e corpo técnico-administrativo. Além
disso, o repórter deixou de falar, outra informação que prestei sobre o
processo de constituição da autonomia e democracia universitária na UGF.
Conquistamos, por meio dessas negociações com a Galileo, a participação de
docentes e discentes na reformulação do Calendário acadêmico, junto à Reitoria;
e a formação de Comissão Eleitoral para eleições dos órgãos colegiados da UGF,
a saber, o Conselho Universitário e o Conselho de Ensino e Pesquisa;
(B) Deixou de denunciar que se faz necessário exigir do legislativo a
criação de leis rigorosas para o controle social das Mantenedoras, porque as
Universidades têm papel fundamental na formação do Brasil e na construção da
cidadania. Pois é inadmissível que a educação superior do povo brasileiro fique
refém de formas predatórias, mercantilizadas e da financeirização da mesma. É
necessário construir mecanismos legais de controle das Mantenedoras, para
salvaguardar o direito de nossos jovens a uma educação superior, que
corresponda aos ideais de excelência acadêmica do ensino universitário.
Neste importante momento, os relatos, da bem intencionada reportagem
publicada no Blog SRZD, sem esses esclarecimentos, poderiam deixar ruídos na
construção de novas relações entre funcionários, discentes, docentes, Reitoria
e Mantenedora da UGF.
Agradeço pela entrevista tomada e apreciaria se os esclarecimentos que
submeto fossem reproduzidos pelo seu Blog;
Atenciosamente;
Prof. Dr. Jorge Atilio Silva Iulianelli
Mestrado em Acessibilidade, Universidade Gama Filho
Secretário Geral da ADGF
Prezados senhores,
ResponderExcluirPelo que entendi, houve um equívoco por parte do Blog SRZD. Digo isso porque o discurso apresentado na última assembléia pelo professor Atílio ressaltou o fato que a mantenedora, de forma inédita, aceitou a criação de uma Comissão Paritária para acompanhamento de salários e abriu espaço para a comunidade acadêmica participar efetivamente, de forma democrática, em instâncias importantes da UGF (Conselho de Ensino e Pesquisa , Conselho Universitário).
Espero que esse equívoco não prejudique a relação que está sendo construída entre funcionários, discentes, docentes, Reitoria e Mantenedora da UGF.
Acredito que com o comprometimento mútuo, TODOS os envolvidos sairão vencedores.
Grande abraço,
Prof. Mól
Gostaria de parabenizar a postura,seriedade,ética e comprometimento da ADGF neste lamentável episódio com a mantenedora . Como mãe de aluno e ex aluna da UGF desejo sinceramente que a mantenedora honre o compromisso assumido com os docentes,discentes e todo grupo de trabalho dessa querida Instituição . Conheço a qualidade de ensino e dos mestres dessa Gama Filho e me orgulho de um dia ter sido aluna(e fui muito bem sucedida na minha profissão ) e desejo sinceramente que meu filho,estudante de medicina,possa contar com a competência e profissionalismo dos docentes. Obrigada
ResponderExcluirBoa noite, Atílio.
ResponderExcluirTambém sou Prof da Universidade Castelo Branco. Não acredito que esteja enganado, mas houve atrasos salariais por dois meses durante o ano de 2012 e o décimo terceiro ainda não foi pago. Porém nos últimos meses temos recebido regularmente e integralmente os salários todos os meses em datas flutuantes que consideram as faixas salariais. E não é verdade que nada é feito. O fluxo financeiro é disponibilizado a todos, docentes e funcionários e podem ser verificados resumos no blog: colaboradorucb.blogspot.com.br. Esta transparência resulta de uma mobilização tímida e espontânea dos docentes junto aos coordenadores e pró-reitores, mas que vem se encorpando com a presença constante de diretores sindicais em reuniões semanalmente realizadas. Estamos avançando politicamente num cenário institucional historicamente desmobilizado tanto entre docentes quanto entre discentes e administrativos.
Aproveito o ensejo para parabenizar a ADGF pelas diversas conquistas e pelas verdadeiras aulas de democracia e cidadania que resultaram dos diversos posts realizados.
Abç.
Marcello Sena